quarta-feira, dezembro 09, 2009

Jéssica e Pâmella

Tudo começa quando o casal Moura, sem filhos até então, descobrem-se grávidos. Eram tempos difíceis e mais uma boca para alimentar naquelas condições seria um problema.
Pensaram, pensaram e resolveram ter o bebê. Porque essa devia ser a vontade de Deus.
Foram ao médico, primeira e ultima consulta que o dinheiro poderia pagar.
Lá se descobre que daquela mulher pobre e cansada, nasceriam duas crianças. Um desespero tomou conta do casal, não estavam felizes pela descoberta. Não. Isso significava mais trabalho, mais luta e menos comida. Como iam fazer com duas crianças em casa? A mulher também trabalhava na lavoura e não podia se dar ao luxo de ficar e cuidar de filhos. Não. Porque Deus? eles se perguntavam a cada dia que passava.
E assim num dia de sol quente, a mulher estava a descascar batatas quando sentiu dores, dores que nunca sentira. E para o desespero do pai, nasceram duas meninas. O pobre queria meninos, para que lhe ajudassem na colheita.
Por fim resolveram criar as duas. Dar-lhes a melhor educação que pudessem, para que não passassem pelo sofrimento de seus pais.
Mudaram-se para a cidade. Ela virou cozinheira e ele porteiro. Tudo por elas. Moravam numa casa simples, mas que comparada à antiga era um palácio. E elas cresceram ali, sem maiores problemas.
Época de colégio foram matricular, o preço era absurdo. Não sabiam que o ensino era tão caro. Matricularam apenas uma. Era o que dava, fazendo-se um esforço e apertando os poucos gastos. Mas e o que fazer com a outra? Ela não pode ficar sem estudar! Foram a uma escola do governo e lá depois de alguns papéis, a outra também ingressara na vida estudantil.
Mas que injustiça, vieram pensando no caminho. Nada falaram. Mas o sentimento corroia-lhes o coração. Chegando em casa, olharam suas filhas e se olharam e ali, entraram em comum acordo. Um acordo mudo. Mas que não necessitava de mais explicações.
No primeiro dia cada uma foi para seu respectivo colégio. No segundo dia, cada uma foi para o colégio da outra. Nunca deveriam dizer seus nomes de verdade no colégio da outra e nem que eram gêmeas. e assim foi, durante todos os anos. Chegavam em casa, trocavam matérias, estudavam juntas e eram sempre as primeiras da classe. Diferenças eram notadas entre os professores -uma era tímida e a outra era sempre o centro de tudo- mas nada que a fase não justificasse.
Cresceram inteligentes e iguais por fora. Por dentro eram absolutamente diferentes. Tudo começou na fase dos namoros, cada uma apaixonada pelo garoto do colégio da irmã. E como explicar ao infeliz que ela só gostava dele dia sim dia não? Era uma guerra, queriam ficar de vez no lugar da outra, mas os pais nunca permitiram. Não podiam levar visitas sem avisar, porque a outra tinha que se esconder durante toda aquela hora. Às vezes uma era vista com um rapaz e logo em seguida passava com outro. os vizinhos nunca entendiam e davam-na por moça perdida.
Isso durou por toda a adolescência, ate que se formaram. E aí puderam aparecer para todos. As duas juntas. Se apresentar com seus nomes. E poder se apaixonar e viver suas vidas normalmente.
Seus pais estavam orgulhosos, tanto sacrifício, tanta luta, agora davam resultados. Colhiam os louros de todo aquele esforço. Tudo por elas.

2 comentários:

  1. Genial,afinal Jéssica e Pâmella,mas porquê nomes tão feios,hahaha,enfim,belo texto !
    abraço !

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  2. é porque Rhuan e Allan ia ficar muito punk. feio tbm tem limite!

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