quarta-feira, dezembro 14, 2011

Nietzsche

Devia estar nesse momento escrevendo meu relatório da disciplica Infancia e Cultura no qual tenho que relacionar os escritos de Nietzsche em Genealogia da Moral com os de Rancière em O Mestre Ignorante, mas como bem sabem, eu procrastino…meu TDAH aflora nos piores momentos ultimamente…e aqui estou.
É que eu tava pensando num moço, um amigo meu, tava pensando no sexo dele, e quando eu digo ‘no sexo’ não estou falando do órgão necessariamente(se bem que é bem interessante), mas do sexo em si. Penso nesse momento em como será o sexo dele. Como ele é, o que faz, quem é numa cama, numa cadeira, recostado a pia, dentro de um carro, num terreno abandonado, na grama e dentro da água.

Quem, como, o que ele é?
Pensar no sexo dele, me faz refletir no meu, só posso imaginar e descobrir o sexo de outro quando conheço o meu (mesmo que nunca o vá saber em totalidade), quando sei do que eu gosto, o que eu não faria de jeito algum, nem por todo o dinheiro do mundo(2 girl 1 cup absolutamente incluso) e o que eu faço só pra agradar, mas faço e o que eu odeio e gosto ao mesmo tempo.
E como a gente conhece o nosso sexo? Em eterna e constante exploração, eu diria, não vejo maneira mais eficaz e gostosa de se conhecer, e é desse modo que a gente descobre mais a gente. Minha amiga Gaabi diz que gosta de porrada, cuspe e ‘pau lá dentro’, outro amigo, Horacio Lindo e Fofo prefere dominação, mas nada tão violento, e não dispensaria um carinho se assim o fosse, tem uma ex minha que gostava de ‘esconder’ frutas (terminou comigo porque eu a chamava de Carmem Miranda), e por ai vai, é tanta gente, tanta historia, tanto gosto diferente…
Já tive posturas sexuais absurdas, que não condizem com o que eu sou hoje, mas então como fica? Eu sou aquilo, ou não sou, ou mudei e agora sou isso? Talvez eu não seja nem isso que agora escreve. Meus gostos já se modificaram tanto… a idade deve ter trazido isso, deve ser ela que faz com que eu do alto dos 20 anos já me sinta brochando lentamente, a cada aninho que passa.
Ainda penso no sexo dele, ele é gostoso, pelo menos eu acho, faz gostoso, saca, dá aquele ‘nervosinho’ só de lembrar, mas ate ai eu não disse nada, talvez o que eu acho bom nele, outras vão detestar, explicação obvia pra isso: vaginas são diferentes e pessoas mil vezes mais.
E se aquele toque, o som, a respiração pesada, o gemido e cada vai e vem só fizerem sentido pra mim, e se o sexo dele for uma porcaria? E se o meu for uma porcaria, que por sorte e coincidência do destino encontrou um de seus muitos pares pelo mundo?
Mas eu sei, dentro de mim, que não é assim, aprendi com os melhores e não tenho problema nenhum em assumir isso, falsa modéstia é besteira.
E ele é sim uma delicia, e sexo com ele seria algo que eu poderia querer fazer numa segunda-feira de manha sem pensar duas vezes. O sexo dele é bom, o meu é bom, e o nosso junto fica espetacular. queria poder tê-lo agora, ate o resto do dia, e saber que a cada vez que quisesse poderia chamá-lo outra vez. Mas enfim, a falta faz parte do desejo.
Vou ficar aqui sem sexo, bom ou ruim, que seja, terminando o relatório, pois hoje vou terminar o dia com Nietzsche.

quarta-feira, novembro 16, 2011

Ligações Dativas

Aconteceu assim, encontrei-o no ônibus, os dois voltando entediados com a longa viagem. E a conversa se iniciou como sempre: falou-se do tempo, das estradas, da minha recente extração de siso, de como ele gosta de correr e dos policiais corruptos.

A conversa fluiu, gostei do cara e ele de mim, quando a viagem terminou eu só sabia duas coisas: que ele tinha 46 anos e que eu queria vê-lo novamente.

Ele muito pouco soube de mim, tenho um jeito estranho de conversar e contar as coisas sem dizer nada.

Assim íamos os dois cada um pro seu lado sem maiores pistas um do outro, mas como já dizia o mago Merlin em um de meus livros preferidos: "o destino é inexorável". E assim sendo encontrei-o novamente no pátio superior na praça de alimentações, sentado e sozinho. Pra poupar as obviedades, pus minha timidez de lado e sentei à mesa, com ele. Lá eu descobri mais coisas... e embora continuasse falando muito pouco de mim, ainda queria saber mais dele. Gosto de ouvir as pessoas.

Bem... eu tinha que me apresentar em casa, dar sinal de vida, e assim fui, deixando marcado um encontro já no dia seguinte, e assim fui.

Nesse encontro eu já nem queria saber muito mais não, sinceramente só aceitei por 'cavalheirismo' e galanteio, deixei o jogo correr.

Que pessoa era aquele homem, ser suavíssimo, minha avó diria que era um 'homem à moda antiga', e eu concordaria sem hesitar, mesmo em tão pouco tempo.

Pois bem... A conversa era boa, a voz mais ainda, divertido... E eu já começava a ficar desconfiada de tanta 'sorte', e foi ai que vieram os dados que eu não queria ter sabido, passaria bem, muito bem sem eles. Era divorciado, tinha uma filhota (ele a chamava assim) de 27 e um garoto de 23 anos, uma mãe muito velhinha e também era policial aposentado. Eu disse, não queria saber... Filhos na mesma faixa etária, gírias cafoninhas, mãe velhinha, tudo bem por mim, não ligo mesmo, mas policial?! O cara mais Sean Conory na fase 007 que me brota assim do nada tinha que ser milica? Aaaaah

Não gosto mesmo, nunca gostei e tenho cá meus motivos. E tudo isso eu lhe disse. Mas já era tarde... tarde demais pra eu estar na rua com um policial estranho e também pra apagar o dia excelente que tive com ele.

Sumi um dia, não atendi, nem li as mensagens no celular. Passado o drama e a minha paciência pra fazer charminho liguei e ele apareceu, talvez para me raptar, roubar meus órgãos sadios e sumir com o corpo, talvez para que eu pagasse as injurias da família na época da ditadura, enfim... muitos talvez.

O fato foi que fui pra casa dele, e até isso foi suavíssimo, o cara era muito 'raposa velha', tudo ali, muito no obvio e ao mesmo tempo nada, só suposição (quando crescesse queria ser como ele).

Tudo era sugestionado, ele me deixava pensar que eu controlava, que as idéias eram minhas, quando tudo já estava friamente calculado. O chato era já saber disso, se eu fosse mais boboquinha estaria em nuvens até agora.

Mas realmente... na hora, fiquei boboquinha. Chamo a todos de moça e moço sempre, e como chamaria aquele cidadão que tinha idade pra ser meu pai de 'moço'? Não consegui chamar de 'você', nem de 'senhor’... apelei pro 'tu'.

Mas sabe, nem precisei falar muita coisa não, primeiro que a dor da extração não deixava segundo que não senti necessidade. Ele sabia. Parecia saber de tudo, como se tivessem dado um livro da anatomia geral da mulher que ele lia desde que se alfabetizou.

Levei umas musicas muito apropriadas que deram um toque e serviram de guia, junto com uma batida que ele preparou. De inicio ele colocou as mãos em concha e fez movimentos circulares com o polegar por toda a extensão da coluna, estava frio e eu só usava calça jeans, mas nem liguei afinal um cara que acha um dos meus pontos G assim, de cara, merecia credito e silencio de minha parte, as mãos caminharam, a coisa foi fluindo e fiquei com gosto de batida.

Só aquilo já valeria pra mim, mas ele continuava, e ficou fazendo massagens por um tempo considerável - talvez esperando o efeito da bilha azul- e eu toda mole, quase babando... brincadeira ta.

Bem, depois dessa massagem toda, começaram os trabalhos, tudo ao meu comando, e era interessante ter um 'tio' assim, fazendo o que eu mandava, mesmo que fossem vontades dele.

Como já disse, era um ser suavissimo, doce... salgado, um querido,

Daquelas pessoas raras que se doam que se entregam mesmo e você vê isso no olhar, sente que cada gota de suor daquele corpo é pra/por você, cada gemido é único e não se repetirá com outra do mesmo modo.

Não havia rudeza nos gestos daquele homem, isso eu acho que ele deixou marcado nas torturas que possivelmente fez. Só havia sossego, uma sensação de água bem gelada num dia de muito calor (ta, péssimas analogias, eu sei), ele conseguia ser gentil até sendo sacana. Conseguia dar o tapa, ficar de joelhos, trazer comidinha na cama depois e sem levar nem um oral (não, ele não pediu, foi solidário a minha dor)!

Resumindo o cara era bom, era uma dama na cama, uma dama safada, eu diria, mas ainda assim uma dama. Tive o imenso prazer de compartilhar aqueles dias com ele, aprendi muitas coisas, desenvolvi outras, ele descobriu umas novidades e levaremos isso pra vida, mais uma alma afim que eu tive a sorte de encontrar. Fim da historia. Afinal ele podia ser perfeito... mas já foi policial.

Brincadeira, foi muito bom mesmo do jeito que foi, vou lembrar pra sempre, sem mais.


*quanto ao titulo...bom...lembra das aulas de química? vai nessa linha...

domingo, julho 10, 2011

Perdão

Sabe, acho que entendi. OU talvez não, porque quando a gente diz que entendeu... nunca entendeu..né. rs
Eu queria certezas... queria certezas de você.
Agora, depois de tudo ter acabado, de não haver mais chances, nenhuma possibilidade, eu vejo que você me dava essa certeza a cada tentativa, e eu bobona achando que estava lutando sozinha...
Só posso te pedir desculpas, por ter sido tão canalha, por ter dito a todo tempo que não queria te magoar e fazendo isso mesmo sem notar. Acho que só a sua paciência, sua tolerância, já seria um indicativo de tudo que eu sempre quis de você.
Perdão mesmo, de verdade, por ter destruído algo tão bonito, tão importante. Acabei fazendo aquela cratera linda, saímos perdedores e acredite, vencemos os dois. Você com sua coragem, sua persistência e eu com o aprendizado, de jamais tentar reparar o que não necessita conserto.
Obrigada moço, pelos anos felizes, pelos silêncios, pelas lagrimas.

Te amo sempre e pra sempre. E mais uma vez, perdão.

Perdi

Agora ele se foi,
se foi de vez.
Agora arde e sangra ainda a ferida aberta.
Mas isso ele não fez.

Quando existe o véu da morte
ele leva e consola… e conforta
Mas como se dá quando não é por ela?
Fiquei pela minha sorte

As noites estão longas, os dias vazios
Não tem gosto a comida
tudo insosso
Água não mata a sede
Não me da fome
e a dor toma conta de cada parte
Bebida não dá descanso
Cigarro não da alivio
E outros corpos não dão mistério
que me possam interessar
Não quero mais! Que pare logo
Que vá embora, que essa dor maldita cesse logo!

Minhas lagrimas queimam ao sair de mim
Sinto intensa a pressão nos meus olhos
e como arde e como é amargo
E de mim tirou todo o gosto da vida

Paz agora, só dentro dos sonhos
lá a dor passa e recobro
imagens…
de outras tardes, quentes e felizes
na praia, no parque, no suor de dois corpos
no olhar sincero, no silencio eterno

Imploro alguém que intervenha
que me retire desse buraco
Perdi a pá, perdi a mão
perdi, me perdi

E o único momento em que não dói, é quando durmo.
Venha a morte ou venha o sono. Mas que algo venha.


Ps.: esse texto é do dia 9...no dia 10, algo veio e não foi nenhuma das duas anteriores... infelizmente.

segunda-feira, junho 20, 2011

variação 001

Sexo late. Sexo sono. Sexo seco. Sexo zero.

Sexo viral. Sexo teia. Sexo vicio. Sexo puro.

Sexo doce. Sexo hard. Sexo TDA. Sexo bate.

Sexo de flor. Sexo viril. Sexo total. Sexo calor.

Sexo light. Sexo largo. Sexo ritmo. Sexo dança.

Sexo pulso. Sexo frágil. Sexo corpo. Sexo sedex.

Sexo anual. Sexo na net. Sexo abuso. Sexo durex.

Sexo falta. Sexo leento. Sexo ardido. Sexo obtuso.

Sexo lei. Sexo selvagem. Sexo oculto. Sexo mutuo.

Sexo gozo. Sexo procriação. Sexo casto. Sexo misto.

Sexo casual. Sexo de mel. Sexo no céu. Sexo buraco.

Sexo com lágrima. Sexo lençol. Sexo isca. Sexo ruim.

Sexo doente. Sexo mental. Sexo amargo. Sexo instinto.

Sexo confuso. Sexo dolente. Sexo elétrico. Sexo contato.

Sexo perdido. Sexo contuso. Sexo grandão. Sexo decente.

Sexo estático. Sexo indeciso. Sexo molhado. Sexo com dor.

Sexo sem nexo. Sexo com fogo. Sexo falado. Sexo romântico.

Sexo com voz. Sexo por sexo. Sexo sem sexo. Sexo com grito.

Sexo piscina. Sexo buddy poke. Sexo no mato. Sexo de língua.

Se não fez pelo menos cinco, preocupe-se.








Se já fez todos, também.

sábado, junho 18, 2011

Voar e Amar

Relacionamentos não são fáceis. O meu mesmo, esta muito longe disso. A relação é complicada, muitas diferenças, falta de tempo, horários que não batem a família no meio, meu mau humor, nossas visões de mundo COMPLETAMENTE diferentes, o comodismo dele, enfim... muitas coisas.

Daí que ultimamente têm surgido textos à minha frente sobre relacionamentos e como devem ou não ser. Talvez meu subconsciente os procure pra mim... vai saber...mas daí a aparecer durante uma pesquisa de historia ou artes?! Peralá. tive que ler...

E li, e entendi, e soube que já sabia disso, os textos diziam em suma pra não esperar muito dos outros... que nunca ficamos com o que queremos, que o cara sonhado, que fala as coisas certas nunca vai brotar na tua frente e que ainda que você o ache, não será ele, porque o que realmente se procura no outro, são pedaços de nós mesmos...

Num exemplo infeliz, é como procurar um doador compatível, oras não basta que ele queira te dar algo, tem que ser igual ao que você tem,fui clara? Acredito que não... como sempre.

Enfim, eu procuro sim pessoas afins, na mesma vibe que eu, com as mesmas comus no orkut (rs), pessoas com gostos musicais parecidos...

Procuro sim uma espécie de imitação ruim, mas tão ruim que vai ser melhor que eu, que vai poder traduzir as coisas na minha mente, que vai decodificar e expor para que ambos entendamos de modo analítico. Sim, procuro um psicólogo, procuro um advinha, um ser mágico e inexistente.

E ai entram os relacionamentos em que a gente se atêm meio que por conformação e também como ato de fé.

E como é bonito se jogar, quando sua fé se torna maior que a duvida e você acredita que é o certo, e que consegue voar/amar.

Também é bonito quando pensa e realmente voa/ama, cara isso sim, é energia pura, é uma caneca de café/Nescau interminável [e aqui foda-se quem não gosta de café/Nescau], é o prazer que se tem depois da luta, do medo, da superação e do gostinho de saber-se certo.

Também não vou negar que, se você tem pouca fé, humpf, a cratera no chão também vai ser magnífica.

Eu, que já havia refletido sobre isso, que já construi algumas grandes crateras, que era até pouco tempo um serelepe passarinho, hoje estou num momento nada fácil, o pior de todos.. já faz um tempo que pulei, ainda não cai, mas to com medo de abrir os olhos.

Balanço

Nesse ultimo mês aconteceu muita coisa.
Nada em especial... só o que faz a vida seguir..

Faculdade

Bem, começamos o fim do semestre, a pior época da faculdade, todo ano o mesmo desespero.
Protestei contra profs. injustos.
Minhas notas vão seguindo boas... meu CR não vai diminuir.
Rolaram uns desentendimentos com pessoas que achei que passaria anos felizes.
Aprendi a valorizar outras tantas que se mostraram justas.
Finalmente decidi entrar pra chapa e concorrer nas próximas eleições para o Centro Acadêmico.
Ainda milito em causa própria.. mas com uns ideais a mais.
To numa maratona pra não ser reprovada em Historia, já ultrapassei minhas faltas, mas ganhei chances, vou aproveitá-las. Só que infelizmente nos dias de aula dela, tudo me ocorre, como se fosse uma grande sacanagem do mundo, e eu chego na marca toooodos os dias. Rs. Não me orgulho disso, estou cansada, com olheiras e só durmo 3... 4h, mas que é vitoria conseguir chegar frente a toda essa conspiração, isso é.


Trabalhos

No trabs vai tudo bem... só estou com medo de certas responsabilidades que vêm por ai...trabalhos e artigos que terei que escrever e enviar, a viagem para Londrina. Enfim... não dá pra fugir pra sempre.

Como sempre sinto que deveria estar fazendo muito mais.
Continuo não concluindo as coisas... ou boa parte delas...
O negocio das camisetas deveria estar já num rumo bacana, mas com as provas e a falta de tempo, ainda não parei pra ver isso muito bem. To sempre procurando desenhos e tals... mas pratica ta faltando.


Família e amigos

Em família ta tudo na mesma, to sempre fugindo de casa, fugindo das minhas queridas e amáveis tias que me dão casa, comida e roupa super bem lavada, além de muitas idéias preconceituosas, palavra bíblica deturpada, crenças imbecis e superproteçao.
Vez ou outra lembro de minha mãe, mas são pensamentos furtivos, que se vão com a mesma rapidez com que vieram. Os sonhos já não são muitos.
Os amigos... bem...devem estar bem, se não estivessem eu saberia.


E a Vida...?

Resolvi fazer uma agenda de compromissos, ajudou, mas eu quase nunca olho...
Estou realmente muito descontente com minha produção textual e meus habitos de leitura. Estão uma bela merda... culpa da faculdade, certeza absoluta.
Créditos também para as fugidinhas no msn... onde surgem os assuntos mais interessantes em horas impróprias. Ah... Lívia, Rômulo, Thiago, Daniel, Pedro, todos culpados [e já no finalzinho, senhor Detoni, um canalha aí, de fala e escrita deliciosa].
Falando em delicia, a Hot Fair foi boa, experimentei sensações excelentes... vontades novas, uma briga básica, e corpos magníficos. Queria mais...
Meu namoro entrou no que eu chamaria de 'crise preocupante', pediu-se tempo, chorou-se um bocado, e terminei por.... 6h!
Continuamos tentando... cada vez mais esticando uma corda, e com a esperança de que ela não arrebente, assim como a nossa paciência um com o outro.
Não tive amores de metro esse mês.
Encontrei uma indagação no ônibus, mas só o vi 2x... infelizmente.
Não pude ser mediadora de comissão estudantil porque segundo alguns, sou muito reativa, na presença de imbecis.
Descobri que tenho TDAH. Não vou fazer nada quanto a isso.
A dieta iniciada meio sem fé deu resultados, mas ainda restam 7 sacos de arroz pra tirar da minha pessoa. Não tive coragem de malhar ainda, mas pretendo praticar uns exercícios... Por falar em pratica, alguém ai me diz o que é sexo! Se eu sabia, esqueci.

Cigarro agora é luxo [e emergência], alface é mal necessário e café é imprescindível.




Obs.: Esse balanço foi o trabalho pedido por um professor como finalização de matéria. Depois de entregá-lo e da devolução pelo prof. [leia-se: reescreva esta merda], entreguei de volta as linhas a seguir:

“Bem, a matéria foi transmitida sem mais problemas, a compreensão foi normal, extenso material de leitura, pouca diferença no conteúdo e nota satisfatória. Tudo assim bem mediano, porque quando se pede ao aluno que fale de sua vida pessoal e da faculdade, o que se espera de verdade, é que ele fale bem da aula do professor. Mas me desculpe, não entendi assim, vai ver é culpa do TDAH, ou do meu gosto por autoanalise. Já disse que acho a matéria desnecessária e pouco aplicável na realidade educacional do nosso país? Se não… aí está.
Espero que tenha excelentes férias com seu salário de concursado, que aplique na sua vida o que repetiu durante esse semestre, que não me faça reescrever novamente e que me poupe de reportar sua atitude na direção e em instancias maiores. Peço também que nem cogite diminuir minha nota, pois isso seria péssimo, não?

No mais é só, boas férias, bons novos alunos e Feliz Natal!

Att

Pâmella Serafim”

quinta-feira, junho 16, 2011

Olhos azuis

Olhando pro espelho, fui revendo os traços, a forma, as expressões. Toda a historia contada nas pequenas rugas que serão, daqui algum tempo, caminhos perfeitos para lágrimas.
Sabe aquelas lágrimas de idoso?...Então, terei o olhar molhado.
Meus olhos possivelmente ficarão azuis, como os de meu avô, como
Os muito velhos da família. E neles a cegueira e a morte vão disputar, pra ver quem alcançará primeiro.
Desço o olhar pelo tronco.. ah meus seios...onde será que vão parar? Ficarão enormes como os de minha avó? Talvez permaneçam onde estão como balões de festa. Minha barriga, essa sim sofrerá alterações, coitada, depois dos filhos, operações, filhos, operações, quedas, exercícios tardios... enfim...deixa a barriga. Que ela não crie dobras como as das crianças, só isso.
Minhas pernas, tão esguias, lembro de quando eram finas! Ainda bem que a puberdade as deu formas dignas das coxas.
Meus pés, aqueles que me aguentaram o dia, o ano, a vida inteira!
Precisam de um sol, estão pálidos, com marca na canela.
Olho pro chão da casa tem uma sujeirinha ali, passar o pano depois.
Uma formiga zanza entre dois pisos, procura ela suas semelhantes? Talvez tenha se perdido, talvez tenha os olhos azuis pela cegueira, ou as pernas cansadas, talvez só dance com alguém que já se foi, tadinha, está caduca.
Subindo o olhar, meu nariz, ainda a mesma coisa, antes tivesse posto um piercing ali, a orelha, ainda cheia de furos. A quantos dei a honra de desvendar alguns segredos meus? Os meus pontos G, sim, tenho pontos... porque um só seria mal uso do terreno.
Meus cabelos lembro de querê-los brancos, sempre achei bonito, sexy, atraente... os cabelos brancos. Achei que ia ficar como a Ororo, poderosa, misteriosa, mas não, nem perto.
Meus dentes ainda são meus, e as manutenções estão pagas.
Minhas sobrancelhas não me conferem aspecto malvado. Ah como eu queria a expressão facial de minha vó, carranca pura era aquela mulher.
Meus lábios, esses já nasceram malditos, odiados desde sempre, agora se desculpam por todos os anos, finalmente os sinto 'assentados' no rosto.
Na borda do espelho tem uma mancha, que nunca saiu, só não sei até hoje quando começou esse nunca.
Vejo desenhos pelo meu corpo, marcas do tempo, de quedas, dores, alegrias, marcas do Marques, meu tatuador.
A ruga mais bela em mim, sem duvida a tenho desde antes os vinte, dessa jamais tentaria me desfazer, até porque, seria um puta preju, já que voltaria em alguns anos... Sorrio muito,sabe.
Meus ombros largos, masculinos como toda a estrutura, deram uma caída, mas ainda são respeitosos, e conferem altivez aos cacos de estrutura restantes.
Olhando o espelho, vejo que ele também envelheceu, tá cheio de manchas por dentro, riscado, rangendo me alertando pra aposta das duas, pedindo providencias. Mas eu to cansada, vou me deitar e esperar.
Esperar que se decidam e que sejam misericordiosas.
Que uma anule a outra e eu passe incólume, porque entre morrer e ficar cega prefiro minha vida com olhos verdes.
Nunca gostei de azul mesmo.

segunda-feira, junho 13, 2011

Sobre os amantes

Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.

Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.

Nada, ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.

E eles quedam mordidos para sempre.
Deixaram de existir mas o existido
continua a doer eternamente.

(“Destruição”. Carlos Drummond de Andrade)

sábado, junho 04, 2011

Tpm

Cadê, quando você precisa
quando está doente, com frio ou fome
cadê aquele ser humano, aquela pessoa que poderia
com um 'Hey!', um olhar, um silencio e um ombro pra chorar
te tirar, estendendo a mão, resgatando voce domar de lagrimas, das duvidas, incoerencias, dos malditos pensamentos.
Pensei muito em ligar pra varias...
pensei em algumas especialmente
Mas imaginei-as divertindo-se, rindo com seus amores por ai
despreocupadas da minha pessoa.
O ruim de ficar triste, é que ela só se achega quando você esta sem meios, sem pra onde correr...no descampado...e ela é rapida
muito agil e lhe alcança sem muitos esforços..
Porque é sacana e isso é coisa de sacana.
Não culparei meus amigos, imagino só por quantas vezes
alguns quiseram ligar-me, ou precisaram assim como eu desse conforto. Devem tambem ter me imaginado as gargalhadas por ai.
É assim que se dá..e deve ser assim..eu espero.
Para que se criem novas fortalezas, novos esconderijos, onde a dor e essa maldita tristeza não se acheguem.
Olhei por varias vezes os telefones, queria discar um dos numeros e só chorar..não dizer palavra.
Mas devo passar sozinha, assim foram nos piores dias...e talvez seja sempre.
O batido e já cansado clichê do "sozinho na multidão"

Kissos

sexta-feira, junho 03, 2011

O mundo e suas cores

Esse texto é só pra me lembrar e lembrar a todos vocês das pequenas liberdades do dia-a-dia. Sabia que mesmo após aquela assinatura, a Abolição dos Escravos sabe… enfim… mesmo depois daquilo tudo (que não foi muita coisa, vamo combinar) negros nascidos livres e alforriados não podiam usar sapatos? Imagina o negão lá… todo engomadinho, cheio dos frufrus na roupa.. e quando você olhava pro pé…cadê sapato? Era a ultima humilhação
(?!) a que deveriam se submeter.

Uma garota entra na loja querendo comprar um vestido. Ela olha… olha… (sabe como é mulher) e depois de experimentar vaaarios, decide por um, o mais lindo de todos. Ele tem detalhes em amarelo e laranja, o que o torna diferente dentre os outros. É ‘descolado’ e opta por sandálias também laranjas, sabia que ia arrasar vestida daquele jeito. Daí, na hora de pagar, a vendedora olha garota e pergunta se o vestido é para ela mesma; a garota estranhando a pergunta diz que sim e a vendedora com todo ar de conhecimento no assunto diz que seria melhor ela escolher uma cor que combinasse mais com o ‘tom’ dela.

Gente, isso aconteceu mesmo, eram os tristes anos 90... obviamente uma década de gosto duvidoso e vestuário medonho (todos tivemos momentos cafonas) e vocês podem imaginar o vestido como quiserem..tenho certeza que muita gente passou por isso e não sei se devo sair por ai rotulando todas as ações negativas de racismo, mas quem era aquela tia vestida horrivelmente, diga-se de passagem pra dizer que cores eu poderia vestir?
Enfim, sai de lá triste, arrasada e sem o vestido, mas também não compre nenhum dos que ela ‘aconselhou’.
Não sou muito chegada nesses programas que ensinam como a gente deve se vestir,mas que dá uma luz e um up no visu quase sempre, isso dá e também adoraria aquela maleta da Avon viu, acho que cada um deve vestir o que lhe faz bem… e se isso quer dizer que você vai parecer mais gorda, mais baixa, ou fantasiada de Coringa, o mico é seu colega, acredita e vai!
Naquele tempo ainda não eram moda essas cores contrastantes.. e nem essa idéia de ornar as coisas…todo mundo parecia apresentador de programa infantil, ombreiras, cós de calça no peito, cabelo de abajur..era tudo normal..tudo hype (como diria o Chris: era descolado), mas ainda assim..existia uma ‘regra oculta’, algo do tipo negros não podem usar cores fortes. Amarelo, laranja, azul céu?! Nem pensar! Quando era bebe ainda usava algo rosinha… vá la.. mas depois…lembro da vasta gama de tons de bege e marrom que eu tinha no armário. E gente, vamo combinar… essas cores não ajudam ninguém! Se só a tia tivesse me dito isso… mas era algo recorrente, minha mãe também não me deixava sair toda coloridinha como as lindas crianças africanas.. tinha medo de dar destaque, sei la, medo do contraste obvio e lindo que aquilo ia causar…
Era uma repressão, mas era algo tão suave… que nem se notava, eu me peguei varias vezes deixando de comprar tal cor pensando que ficaria shegay demais… mas quebrei a cara quando vi amigas minhas usando… OH!
Ta… não é pra você sair por ai usando prateado… feito a Lady Gaga, e bota branca, vamo combinar… Só a XUXA. Mas como dizia Raul:

“Faça o que quiseres, pois é tudo da lei”

Ou, nas singelas palavras de Léo Áquila:

“Se joga pintosa, põe ROSA

Hoje a gente vive com alguma liberdade… ainda temos duras barreiras, mas estamos ai… matando um leão por dia e seguindo, expressando e colocando pra fora séculos de submissão. A expressão na musica, na literatura, nas artes, na moda, O negro em movimento! E não to falando das modinhas bestas.. porque tem neguinho que assume um black e já se acha um militante e começa a atacar quem alisa.
É que têm uma onda por ai meus queridos… não é a onda das marcas, nem dos rappers famosos com suas mulheres a dúzia e seus carros tunados. A onda ta ai, no fato de você andar calçado, de usar o teu prateado, o teu Black, o teu henê Pelúcia (adoroamusicaa), na tua roupa amarela, no fato de arrumar um emprego, ta na tua indignação quando não arruma, ta quando deixa seus filhos de cabelo grande e ‘em pé’ ou quando prende tudo pra tentar conter, a onda esta quando seu namorado anda com mais brincos que você, e quando suas tranças estampam ideais e conceitos ou só servem pra te embelezar.
Essa onda cara, é o teu poder de escolha, de decisão e ela só existe porque você permite.
Você escolhe como vai ser, ou o que vai mudar, e não adianta dizer que não, tu poderia mudar o mundo se quisesse. E ai… borá começar e continuar a onda?


Nota: Esse texto tá desconexo.. eu sei..as coisas foram fluindo e eu fui escrevendo assim..e se estiver se perguntando o que tudo isso tem a ver, vou lhe dizer…não saberia explicar, mas tai, eu juro!

Trepa comigo

Trepa comigo, que sou a trepadeira mais emocionante que você vai encontrar, quando trepar comigo: não vai querer largar! Trepa comigo, porque meu nome é hera venenosa gostosa que sabe rebolar. Trepa comigo, que nos intervalos até te levo pra passear, trepa comigo porque é para isso que fui feita: para você trepar. Trepa comigo, use e abuse do meu verde, ramos e espinhos, trepa comigo tranqüilo porque as feridas que fizer no caminho por entre meus espinhos é o lugar onde vou lamber até você gozar. Trepa comigo, que sou a trepada do século e você nem vai mais querer saber de sexo, só vai querer trepar. Trepa comigo.
Trepa comigo já, agora, hoje e saiba bem que pode ser em qualquer lugar. Trepa comigo, porque só assim você vai saber o que é uma trepada gostosa e os porquês os homens antigos meus vivem a elogiar esta tua hera venenosa. Trepa comigo! – e vai saber o quanto sou saborosa. Trepa comigo, que você não vai querer desgrudar d’eu e vai só querer ficar nesta vadiagem de trepar. Trepa comigo, trepa comigo olhando nos meus olhos enquanto eu te enlaço com meus galhos e me ponho a rebolar. Trepa comigo, estamos em promoção: uma trepada, um abraço. Trepa comigo, que eu vou matar todas as suas aflições, medos e nunca mais vai buscar religiões, qualquer coisa la fora, só vai querer trepar comigo.
Trepa comigo!
Trepa comigo, que eu me dou pra você. Trepa comigo e chega de falar! Trepa comigo, menino, trepa, ta na hora de você virar homem e largar da sua bicicleta, já esta na idade de escalar. Trepa comigo, menino, que eu faço o que você quiser , arrumo os meus galhos, me produzo e até acabo no altar. Trepa comigo, que serei sua serva fiel e nunca mais hei de ser de ninguém. Trepa comigo, que vou te tratar muito bem, largarei mão do veneno sem sentido, dos espinhos que não servem para nada, mas sem deixar de seu eu, porque sou uma trepadeira mágica, encantada. Trepa comigo, porque você não tem escolha, do contrario eu trepo em você. As pílulas azuis- as mágicas- criei somente para isto, me prevenir de qualquer possível inércia sua, é que não sou egoísta, sou mais trepar comigo – que é nós- do que eu trepar em você.
Trepa comigo. Trepa comigo. Ou eu trepo em vc, não tem jeito, depois não fale do meu veneno ou espinhos, te preveni e te dei o poder de decisão do que vai ser e é você quem vai escolher.
Mas de qualquer forma, só pra reavivar a memória: Trepa comigo, menino!




*Esse texto é de uma dama brilhante chamada Aivi, tentei avisa-la e pedir permissão..but...
Mas se quiseres, eu tiro gata.

kissos

sexta-feira, abril 01, 2011

Preocupações...

Dinheiro, contas a pagar, faculdade, trabalhos, estagio.
É nisso que eu penso em boa parte do dia...fico buscando momentos de fuga...rapidos..furtivos.

As vezes dentro do metro, em pé, espremida, fecho meus olhos e penso em cores..porque acho que ver tudo branco é muito sem graça..ai imagino cores, tudo muito psicodelico mesmo.

No onibus é ainda mais facil, vou focando nas casas, na pista, no vento e até no cheiro ruim de fumaça, vou por ali..beirando ilusões, imaginando situações, pensando no que falaria em dados momentos..e rindo até, sabendo que na verdade não falaria algumas coisas... hehehehe
O lado magico é desligar-se, como uma semi morte,somente metade das sensações chegam ao ponto final, nessas horas, voce poderia falar, gritar até..eu estou em transe! Espere sua vez!
o lado ruim é que por estar desligada voce talvez faça caras, faça bocas...e ria do nada, e só fará sentido pra voce, pro resto do mundo, voce é maluca. E nunca se esqueça disso...mesmo que voce não ligue.

Bem...hoje eu me desliguei, chorei e me contive. Imaginei algumas possibilidades de encontros, algumas fantasias(eunãodissesexuaisemnenhummomento, but), algumas respostas muito muito boas e inteligentes e também pontos a discutir. Pensei enquanto andava em escrever algo bacana pra mim, não pra voces, porque voces são poucos e praticamente inexistentes(sorry).
Bem..pensei em muitas coisas...esqueci das coisas a cima citadas por breves instantes..mas já valeu o exercicio e a folga do peso nos ombros.

Bjs a todos (aos quais contaria em uma unica mão)

Confusões

A mente engana muito a gente...
Mas todo mundo já sabe disso.
Como saber se o que queremos o é, quando queremos, como saber?
Enquanto umas poucas coisas permanecem 'inabalaveis' dentro de nós, outras são moles como amoeba.
As minhas certezas mudaram...algumas somente é claro..mas então oras, essas poucas já não são prova suficiente de que outras talvez venham a mudar?
É tudo muito talvez..nessa vida que dizem feita de instantes, tudo é talvez.
Até agora, eu que queria falar de coisas outras..estou cá a falar de incertezas...e alias..alguem me diz, que raio é uma incerteza? Eu tenho minhas duvidas...
E não é pra ser assim um texto 'que é ou não é' nem nada...mas quem sabe..talvez...

domingo, março 27, 2011

Doce devaneio sobre ela

E ela, ah.. se ela soubesse...
Se soubesse dos meus pensamentos... todinhos insólitos pra ela
Se soubesse dos tormentos que são, as horas, os dias ao lado dela.. sem ela
Se soubesse.. o quanto que é gata, o quanto é gostosa
E o que eu queria com ela
Se soubesse que dia e noite só penso em estar na dela
Se somente passasse, pensasse que eu fico vidrada, parada abobada, olhando e querendo só a ela..
Ai meu amigo... ai sim..a coisa tava feia!
Ela ia ficar irritante, arrogante e difícil, ia fugir, fazer charme, e perturbar meu juízo...
Melhor assim, no segredo gostoso, secreto, escondido
Eu aqui só na imaginação e nas indiretas
E ela... distante e sorrindo.
Porque não ha nada pior... digo e afirmo..do que uma mulher que sabe do seu efeito no outro.
Vou é ficar no meu platonismo, não toco, não beijo e não sofro e além do mais... ela ainda é gostosa na minha imaginação.

sábado, fevereiro 26, 2011

Tem gente que vive procurando

Vou te contar e se voce não concordar comigo, tudo bem...
mas me parece que isso tudo não é muito novo...é coisa antiiiga..
Não diga que eu estou doida, mas isso aqui não é nada novo...

Isso aqui...tem gente que vive procurando..
esperam...esperam...
esperam muita coisa...aquele sorriso, o abraço, o beijo mágico
E é muito bom e engraçado..mas agora eu sinto tudo isso..
Isso aqui...tem gente que vive procurando..

As coisas correm...passam...e pra voce, o que fica?
É tão bom que eu não tenho palavras
Será que eu dormi de olhos abertos?
E vem cá...como eu faço pra isso nunca acabar?
Eu vou guardar...vou cuidar direitinho...e assim preservar tudo isso

Será o que é o melhor sentimento? A coisa mais linda e bela já vista?
O melhor e maior amor do mundo...?
É bom ter certezas verdadeiras nessa vida...
então deixa eu te contar...
Isso aqui...tem gente que vive procurando..
esperam...esperam...
esperam muita coisa...aquele sorriso, o abraço, o beijo mágico
E é muito bom e engraçado..mas agora eu sinto tudo isso..
Isso aqui...tem gente que vive procurando..
É maravilhoso saber que eu possuo..que eu posso..dentre tantos sentir...
Isso aqui...tem gente que vive procurando..

sábado, janeiro 01, 2011

Lauro e Lígia

A porta foi aberta depois de algumas muitas batidas, o calor de fora era grande e entrou com ela casa a dentro.

Era Lígia que estava ali, mas não sabia bem para que fora chamada por ele. Ele estava ali porque morava ali, e havia chamado Lígia para uma coisa, mas tinha idéias de outras na mente.

Lígia senta em uma cadeira pequena e fica esperando Lauro, espera com os olhos ansiosos… olhando todos os cantos da casa, aquele reconhecimento típico, pois nunca estivera lá.

Lauro oferece uma bebida, ela pede algo gelado, um suco, talvez água, talvez gelo puro e ri.

Lauro sai da sala e some nos corredores, escuta-se barulho de copos e portas e colher. Depois de um tempo Lauro volta com um copo comprido. Dois copos. Um é dela.

Não sabe o que é, mas nem pergunta, tem vergonha: sempre pergunta coisas a ele e isso o deixa sempre superior, o mais instruído e viajado. Mas de suco ela entende, vai entender, seja lá o que for aquela água verde. [Será clorofila ou uva, pensei eu ao teclado]

Toma o suco, bebe leve, preparando pro gosto ruim que possa ter, controlando pra não fechar a cara se for amargo, não se fará de surpresa, senão ele vai descobrir.

Ele toma algo amarelo com gelo, licor talvez, xixi talvez. Dá tempo a ela de descobrir que fruta compõe sua bebida. Resolve testá-la e pergunta se gostou do suco.

Ela fica nervosa e percebe que ele esta jogando novamente, sempre se diverte com ela. Todo o jeito da moça o diverte. Mas ela não dará esse gosto… imagina.

Sim, muito saboroso, há muito que não via essa fruta. Não dá por aqui…

Dizendo isso olha pra ele triunfante. Lauro então levanta com um sorriso admirado e some nos corredores para a cozinha. Volta com mais liquido amarelo e tenta travar assuntos com Lígia.

Senta relaxado no sofá e se diverte com a figura tensa a sua frente, toda contida, um animal acuado num lugar desconhecido. Se fossem outros os tempos ela teria andado e olhado cada canto e já estaria à vontade, mas a idade adulta carrega a vivacidade e deixa timidez e recato. Deixa também uma jovem bonita, escondida em si, que olha com medo e vergonha até pros próprios sapatos feios que usa.

Seu copo está vazio, o dela ainda no meio, e ele já esta cansado do silencio. Lígia se sente acomodada no meio sem palavras.

Um convite: vamos ao quarto? Ele pergunta já saindo da sala. Quem escreve quem lê também vai.

Sigamos então [eu e você leitor], os dois pelos corredores, é uma casa grande, velha e com a falta de decoração que só um homem pode tornar possível elegante.

Esqueci de dizer que ela não reflete sobre aquilo e segue a voz pela casa. Chegam ao destino. O quarto é grande, muito claro e favorecido por janelas altas com cortinas de renda encardida, que esvoaçam como fantasmas. [eu não pregaria os olhos se dormisse ali] [ao que parece ele também não, pois tem olheiras enormes.]

Senta suave numa espreguiçadeira e ele numa cadeira de escrivaninha abarrotada de papeis. Mexe na mesinha, acredita estar organizando um pouco a bagunça e tudo fica mesmo como esta. E ali mesmo se põe a escrever. Talvez uma carta. Testamento talvez.

Lígia ainda não muito a vontade sentada, eu diria completamente travada e desconfortável, organiza as idéias, se mexe um pouco tentando acomodar-se, mas o colchão fofo não deixa, e continuando ruim, pior que antes se mantém seria e reta onde deveria estar deitada.

Põe-se a observar o quarto e Lauro escrevendo em meio à bagunça. Resolve ajudar, mas desiste no meio do movimento, o que deixa o gesto confuso e chama atenção de todos nós na sala. Lauro olha estranho e sorri para ela.

Para não deixar a ação morrer assim… tão esquisita (ela não quer ser esquisita na frente dele, imagina), vai ate a janela olhar a rua.

Varias pessoas, muitas de todos os tipos e tamanhos e larguras, se movimentam, se esbarram se desculpam e continuam seu andar, suados, cansados e desesperados por água fresca e sombra também. Tudo ocorrendo lá embaixo, sem ver que são observados por uma mocinha curiosa e entediada, que veio buscar algo que o Lauro dará a ela. Será que ele sabe que ela fez aniversario? Não… ela deve então contar.

Vira-se e vai à escrivaninha, do outro lado do quarto, desvia da cama gigante e chega perto dele, abaixa-se com as mãos em seus ombros e lhe diz por trás, na altura dos ouvidos: sabia que fiz anos a 3 dias?

Lauro um pouco assustado com o movimento e tendo sido retirado de dentro do papel como estava, tem um momento de pausa, pega as finas mãos ainda em seus ombros e lhe encara o olhar. Ela então percebe que o tocou, que se aproximou mais do que devia e ele descobre o contato das mãos. Assim permanecem um tempo ate que um vento quente invade o quarto, vindo da porta.

Todos nós [eu, você leitor e até Lauro] vemos as bochechas coradas dela enquanto puxa as mãos de volta e se afasta em passos longos. Lauro levanta ainda encarando a moça e a gente espera que ele vá beijá-la.

Lauro desvia o olhar e vai à direção da porta. Fecha, mas não passa a chave, porque ele não é maluco e porque não tem ninguém na casa mesmo.

Voltando seu olhar, diz que se lembrou sim, de seu aniversario, mas que não pôde ir, sem mais explicações e a faz sentar novamente na espreguiçadeira.

Pega em sua mão, ajoelha-se a sua frente e pergunta se sentiu sua falta na festa.

Quando Lígia se prepara para responder que não, que nem se lembrou dele, imagina, ele toca seu queixo, levanta e sai do quarto.

Espera um momento que eu já volto!

Volta cheio de coisas, uma caixa grande, outra maior e folhas brancas. Vamos brincar de uma coisa? Agora a pouco lembrei de quando ficava aqui com minha mãe e brincávamos nesse mesmo quarto, toma, desenha. Desenha a mim, como quiser.

Lígia se diverte com a idéia, mesmo imaginando o que ele esta tramando com isso. Nas caixas estão tintas, muitos potes de tinta, canetas, lápis de todas as cores.

E os dois se põem a desenhar, ela esquece sua postura e relaxa. Ele desvia sua mente dos papeis que escrevia e a olha, cada detalhe do rosto. Ele a olha.

Ela desenha muito mal, mesmo bonecos palitos. Faz nova tentativa e vê que continua saindo ruim. Mostra a ele e os dois se riem das tentativas sofríveis dela. Ele ficou desenhando por muito tempo, mas um único desenho, ela olha calada. Olha demoradamente sem dizer palavra.

Sabe, minha mãe dizia que todo mundo pode desenhar, bastando pra isso que tenha inspiração. Pois o ser humano é capaz de maravilhas inspirado. Deixa-me fazer outro?

E sem esperar resposta saiu novamente e voltou com uma tela grande. Posicionou-se e ela ainda divertindo-se com a idéia, acabou deixando. Lauro preparou pinceis e começou a retratá-la, fez caretas e às vezes perdia minutos só observando. Ela resolveu inclinar-se, foi se soltando.. soltou também os cabelos, fez caras serias, sorrisos meigos, olhos sensuais. Riu para ele e assim permaneceu, olhando e rindo.

Lauro pintava, olhava e pintava, abusava de cores, dos sorrisos que ela dava, ela era um abuso, aquela garota. Menina danada.

Depois de um tempo acabou, e ela quis ver seu retrato, ele negou, disse q faltavam retoques e que um dia ela veria. Juntou tudo rapidamente e levou embora, pra outro cômodo quem sabe…

Dá azar olhar a obra assim.. sem acabamento.. espera criança que você verá.

Então lembrou de seus papeis e voltou a eles, e Lígia refeita do clima de antes, se recompôs, prendeu seus cabelos, ficou envergonhada, ainda riu e lembrando de seu desenho no papel, ficou imaginando como estaria o do quadro.

Tempo depois, ele terminara seus escritos, envolveu num envelope bonito e cheiroso, pôs selos, mas escreveu apenas iniciais na frente. G.B.

Lígia saiu da casa, com seu desenho na bolsinha, uma pasta grande e o envelope na outra mão, com recomendações serias de entregar imediatamente. Oras se queria pressa, porque perdeu tanto tempo!? Fez que sim com a cabeça, virou para a rua e sumiu no meio da gente, rápido, pois o sol já se ia. Lauro da porta sorria leve e calmo.

Já em casa, com as irmãs, retira da bolsa o retrato que Lauro havia feito: um desenho tosco, um circulo, com pequenos olhinhos dentro, um cabelo que se fazia de três ou quatro fiapos estranhos, pernas tortas e compridas, um desenho horrível, pior que o dela. As irmãs riam muito da estranha caricatura, nisso pelo menos ela era melhor, desenhava melhor. Por isso mesmo não entendia o porquê do mistério do quadro, queria ele talvez mais tempo para piorar? Ou jogar mais cores estranhas... ou ia dá-lo de presente a ela? Estaria agora se divertindo com o quadro horrível em mãos? Adormeceu com esses pensamentos e com raiva dele e ódio de si, por ter se deixado levar tão longe.

Os dias passam rápidos e quentes, no começo Lígia ainda se lembra do quadro, mas o tempo passa e ele é apagado pelos afazeres que ela tão ocupadamente resolve.

Tempos depois, ela recebe um pacote grande, lembra do quadro, sabe que é ele e rasga tudo curiosa.

Quando abre outra surpresa, outro silencio, olha cada detalhe abismada, impressionada e feliz… começa a rir. Gargalha e sussurra coisas para si. Junto há um envelope em que se lê: É possível fazer maravilhas!

Atrás do quadro o nome dele e da pintura ‘Suco de Quiwi’.

Na frente um lindo retrato, uma moça linda jogada numa espreguiçadeira, com um rosto sério, sorriso meigo e olhar sensual, cabelos de qualquer modo, vestido desalinhado e um pequeno detalhe que chamava atenção no quadro todo, toda a pintura muito colorida, contrastava com a seriedade dos sapatos pretos. Sapatos horríveis!

E ali sentada ela sorriu e lembrou. E agradeceu ao invisível, fez com que seu sorriso chegasse àquela rua, onde Lauro ainda morava, batesse na porta e invadisse o coração do moço. Foi o melhor presente, esperado e demorado, enganado também, pois ela esperava rabiscos, mas até nisso ele ganhou, era melhor…

Ela só ganhava nos sapatos, nenhum era mais feio! E quiwi… quem diria!

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