quinta-feira, abril 08, 2010

A Gerard

"La misma mort que me leva a sort

de te ver surrí

La misma mort que me tirra a sort

de te ter acuí

Essa misma mort vai agorra te tarrazer…

Levar-me… parra ti"


Declame suicida, 07 de abril de 1956.



Carta de Sophie



Meu amigo Gerard, não se vá. Não faça isso!

Ela não pode voltar.. siga tua vida, oh Gerard!

Veja como é belo, tudo o que aqui esta.

Aprenda a viver sem ela!

Gerard, eras feliz e ainda muito há de ser,

Não faças e digas coisas das quais vais se arrepender.

Isso é a vida, é o destino, chame do que quiser.

Pense na fortuna que é ter o Amor de uma mulher.

Cure esse teu coração, pois a vida é cheia de surpresas…

Vai esquecer essa dor e todas tuas tristezas.

Perdoe minhas pobres rimas, pois são do meu coração

Uma carta ao amigo que sofre pela paixão.

Lembre das coisas boas que com ela viveu.

E não se afogue na bebida, pois foi só um quem morreu.

São Paulo, 03 de abril de 1956.




Resposta do tal de Gerard


Querida amiga recebi tua carta, li, chorei, bebi e reli tudo outra vez. Ainda bebo, sim, tu bem sabes. E a cada linha tua eu mais me lembrava dela, mais me angustiava.

Não penso mais em matar-me. Sei que ela já não volta. Já me sinto conformado.

Belezas para mim já não há nesse mundo, tudo belo era nela, tudo era belo por ela.

E sem ela minha cara, o mundo é vazio. Não se trata de aprender, não, sem ela eu não vou viver! Existirei, sim, mas viver jamais.

Disseste tu de surpresas.. quais seriam cara amiga? Só se Deus por piedade lhe desse de volta a vida. Nunca a esquecerei e a dor comigo hoje mora, depois de tanto beber meu coração ainda chora. De suas rimas nada falo, ó doce dama querida, quisera eu ter antes de tudo te encontrado em minha vida…

Todas as lembranças dela estão comigo, o quarto, as cartas, sapatos, vestidos.

Não me afogo, sei nadar! Mas discordo aqui de ti. Ela morreu, pois bem… mas e eu que vivi?

São Paulo, 04 de abril de1956.




Carta de Sophie encontrada no quarto de Gerard (ainda fechada)


Querido Gerard, amigo de longos anos, o que lhe escrevo e que lês foi escrito entre prantos.

Pensei muito mesmo antes de mandar esta carta, ate o ultimo momento. Mas tomei coragem de redigi-la, sinto que o pior já se foi. Jamais te falaria, pensei em guardar pra sempre as coisas que agora revelo, mas por ler tua ultima carta senti-me firme para lhe contar.

Gerard bom e velho amigo… disseste tu que se me conhecesse antes… tudo seria diferente.. e me fizeste pensar…e se assim o fosse?

Gerard te amo e isso já faz certo tempo, mas seus olhos amigos nunca o viram. Não peço o teu amor.. nem teria coragem de fazê-lo em tal momento..apenas achei por bem contar-te.nada lhe peço, só não tomes mal minhas palavras, te rogo, quero a tua doce amizade acima de tudo. E pare de beber! Nem falaste mal das rimas… estas a se afogar… senão em porres, nas lagrimas! Amanhã vou lhe ver. Abraços.

São Paulo, 06 de abril de 1956.

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